O médico Maurilo Leite Jr., professor de nefrologia no Departamento de Clínica Médica da UFRJ, e a nutricionista Fernanda Mattos, professora e supervisora na área de nutrição do Programa de Obesidade e Cirurgia Bariátrica (PROCIBA) do HUCFF/UFRJ, lançaram recentemente o livro “Vivendo com a hipertensão: um guia amigável para uma vida mais saudável” (Artêra Editorial). Os autores ensinam como as pessoas com hipertensão arterial podem alcançar bem-estar, substituindo restrições por adequações à rotina do dia a dia. O livro traz várias dicas e receitas práticas e saborosas para se manter saudável.
No livro, Maurilo e Fernanda abordam as diferentes formas da hipertensão – condição com várias causas –, descrevem a relação da doença com a saúde cardiovascular, o diabetes, o sobrepeso e a obesidade, bem como o estresse e a ansiedade. E, principalmente, asseguram que a vida do hipertenso pode ser prazerosa, sem sacrifícios.
Nesse sentido, eles propõem adaptações na rotina diária que levam em conta as condições clínicas e o estilo de vida de cada indivíduo hipertenso. Tudo de forma equilibrada, sem imposições, como mostra o Hipertensildo, o personagem criado para guiar o leitor, com orientações práticas e sugestões de receitas para refeições, lanches e sobremesas.
“É possível ao hipertenso ter ótima qualidade de vida”, diz o dr. Maurilo, que recebeu o diagnóstico de hipertensão aos 32 anos de idade e relata no livro a sua experiência como médico e paciente de uma condição crônica.
E o nefrologista destaca: “Não devemos permanecer hipertensos em nenhum momento. Na maioria das vezes, não temos sintomas, apesar de a pressão poder manter-se elevada”. E isso causa danos aos rins, ao coração, ao cérebro, aos olhos e às artérias, entre outros órgãos.
Para os autores, mudar o estilo de vida talvez seja o maior desafio do hipertenso, mas eles asseguram que vale a pena. Há casos de indivíduos que, ao fazer as adequações, usam doses menores de medicamentos ou nem precisam mais deles para baixar a pressão.
Vale acentuar que a hipertensão não está necessariamente relacionada somente com o consumo em excesso de sal (o cloreto de sódio = cloro + sódio), sendo o sódio um mineral considerado como fator relevante para o agravamento da situação. Às vezes, o alimento nem é salgado e eleva a pressão. “Um biscoito doce pode conter sódio como aditivo para fazer durar a sua conservação”, explica Fernanda.
Fernanda comenta que, em geral, os alimentos processados e ultraprocessados, contêm muito sódio. Até sucos de caixa e refrigerantes podem conter muito sódio. E ainda os conservados em sal.
“O bacalhau por exemplo. Você pode dessalgar o peixe, mas o sódio permanece nele. E algumas pessoas para manter o sabor no preparo do prato acrescentam sal, piorando a situação”, reitera a pesquisadora.
E a nutricionista frisa que os magros hipertensos correm os mesmos riscos de complicações que os hipertensos com sobrepeso ou obesidade.
“Existe o falso magro. Aquele com o índice de massa corporal (IMC) normal, mas com um percentual de gordura muito alto. Essa quantidade aumentada causa inflamação. É a obesidade metabólica. A obesidade não tem relação com o peso propriamente dito, mas com o excesso de tecido adiposo/gorduroso. Se essa pessoa falsa magra tiver pressão alta e outras alterações, como colesterol acima do limite, poderá sofrer problemas graves de saúde, se não for tratada”, esclarece a nutricionista.
Ela ressalta que a alimentação balanceada, com orientação de um nutricionista, em muitas situações alivia os sintomas da hipertensão e não agrava a doença.
“A alimentação saudável é a base de qualquer tratamento. E os hipertensos precisam ficar ainda mais atentos ao que comem, restringindo ao máximo o consumo de sal, gordura (que também estreita as artérias) e açúcar”, enfatiza Fernanda.
No livro, ela sugere receitas baseadas na sua vivência acompanhando indivíduos com diferentes tipos de hipertensão. Propõe refeições e sobremesas que combinam diversos e saborosos alimentos com um menor teor de sódio.
“A ideia no livro é oferecer uma variedade de alimentos para o leitor montar suas refeições equilibradas, sem grandes restrições. Receitas que servem para hipertensos e pessoas saudáveis”, declara a nutricionista.
O primordial, mencionam Fernanda e Maurilo, é pensar em como queremos envelhecer.
“A hipertensão é uma condição crônica e a remissão acontece em poucos casos. Em geral, o hipertenso terá que viver usando medicamentos, fazendo uma alimentação equilibrada, praticando exercícios e adotando outros hábitos saudáveis, como dormir bem. Até quem não tem doença crônica precisa seguir um estilo de vida saudável. Essa é a grande mensagem do nosso livro. Então pense: como eu quero viver com o meu corpo?
Os autores
Maurilo Leite Jr. é pesquisador e professor de Nefrologia no Departamento de Clínica Médica da UFRJ, docente no Programa de Pós-Graduação da Clínica Médica da UFRJ e membro titular da Academia de Medicina do Estado do Rio de Janeiro.
Fernanda Mattos é nutricionista, professora e supervisora na área de nutrição do Programa de Obesidade e Cirurgia Bariátrica (PROCIBA) do HUCFF/UFRJ. Tem pós-doutorado na linha de Bioquímica Nutricional (UFRJ) e é autora de capítulos de livros, consensos e artigos científicos.