A solidão, um sentimento muitas vezes desolador, pode estar associada a um aumento no risco de desenvolver a doença de Parkinson, de acordo com novas descobertas de uma pesquisa realizada com mais de 490.000 participantes registrados no UK Biobank ao longo de um período de até 15 anos. Essa solidão parece aumentar as chances de um diagnóstico de Parkinson em 37%.
A pesquisadora sênior Angelina Sutin, professora do departamento de ciências comportamentais e medicina social da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual da Flórida, enfatiza que essa associação não pode ser atribuída a fatores genéticos, clínicos ou comportamentais compartilhados. Embora o estudo não possa afirmar que a solidão causa a doença de Parkinson, existe uma conexão evidente.
Sutin ressalta a importância da solidão como um problema significativo de saúde pública, destacado pelo Cirurgião Geral dos EUA, pelas Academias Nacionais de Ciências, Engenharia e Medicina e pela Organização Mundial da Saúde. Além disso, a solidão tem sido associada a outras doenças neurodegenerativas, como a doença de Alzheimer, o que amplia seu impacto negativo na saúde.
Diversos fatores podem contribuir para o aumento do risco de doença de Parkinson associado à solidão. O estudo indica que fatores comportamentais e clínicos representam apenas uma pequena parte dessa associação, sugerindo a possível influência de vias metabólicas, inflamatórias e neuroendócrinas. A solidão, em geral, parece estar relacionada a um declínio na saúde cerebral, possivelmente devido a maior inflamação ou outros processos neurodegenerativos, não se limitando apenas à doença de Parkinson.
Por outro lado, manter conexões sociais pode desempenhar um papel protetor contra a doença de Parkinson. Embora esse aspecto não tenha sido testado no estudo, acredita-se que a conexão social tenha benefícios nesse sentido, e pesquisas futuras devem explorar essa relação.
O Dr. Alessandro Di Rocco, diretor de neurologia, Parkinson e distúrbios do movimento da Northwell Health, observa que a solidão frequentemente está associada a viver sozinho, o que pode levar a escolhas de estilo de vida menos saudáveis, como uma dieta inadequada e falta de atividade física. A solidão também pode resultar em menor estimulação cerebral diária, o que pode tornar o cérebro mais vulnerável.
Embora a solidão possa não ser uma causa direta da doença de Parkinson, pode aumentar a predisposição a essa condição, tornando o cérebro menos capaz de se defender contra fatores biológicos que contribuem para o desenvolvimento da doença. A atividade física e o envolvimento mental são destacados como medidas importantes para manter a saúde cerebral, retardar a progressão da doença e reduzir o risco de problemas cognitivos relacionados ao Parkinson e a outras doenças neurodegenerativas. Portanto, o estímulo mental e a interação social continuam sendo essenciais para a saúde cerebral ao longo da vida.