Os pais que pretendem levar suas famílias para assistir ao novo filme da “Barbie” devem estar preparados para ter algumas conversas desconfortáveis. Esta é a advertência de líderes cristãos e críticos conservadores de cinema em relação ao filme baseado na conhecida marca de bonecas, que supostamente promove personagens e ideologias LGBT, além da nostalgia relacionada ao universo da Barbie.
O filme, estrelado por Margot Robbie e Ryan Gosling nos papéis de Barbie e Ken, respectivamente, e dirigido por Greta Gerwig, inclui a participação do ator trans Hari Nef, que interpreta uma versão médica da boneca Barbie. Nef compartilhou uma imagem de si mesmo caracterizado como a personagem médica e escreveu uma carta aberta a Gerwig e Robbie, implorando que eles deixem de lado sua agenda para acomodar pontos de vista divergentes.
Uma declaração compartilhada por Nef afirmava: “Por trás da palavra ‘boneca’ está a figura de uma mulher que não é exatamente uma mulher – reconhecível como tal, mas ainda assim falsa. ‘Boneca’ é carregada de glamour, ela é e ela não é. Chamamo-nos de ‘bonecas’ diante de tudo o que sabemos que somos, nunca seremos e esperamos ser. Gritamos essa palavra porque ela importa. E nenhuma boneca importa mais do que a Barbie”.
Além do fato de um ator trans interpretar um papel feminino, “Barbie” também é acusado de promover histórias de personagens lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros, de acordo com o Movieguide, um site cristão de revisão de filmes fundado por Ted e Lili Baehr. Um representante do Movieguide, que teve acesso antecipado ao filme, afirmou que este “ignora completamente” a demografia natural da Barbie, que é composta por meninas e famílias, optando em vez disso por atender a uma pequena parcela da população que repetidamente demonstrou desinteresse nas bilheterias.
Classificando o filme como “mal concebido, com várias premissas equivocadas”, a crítica adverte os pais a ficarem atentos antes de comprar um ingresso, afirmando que mesmo os filmes de animação da Barbie promovem valores como redenção, compaixão, trabalho em equipe, bondade com estranhos e sacrifício pessoal. Os pais confiam na marca e, por isso, devem conhecer a verdade sobre o próximo filme.
Recentemente, o pastor Kent Christmas, que lidera a igreja Regeneração em Nashville, Tennessee, proferiu uma maldição literal sobre o filme. Em um vídeo que se tornou viral, Christmas criticou a temática LGBT presente na “Barbie”. Ele declarou: “Amaldiçoo em nome do Senhor este novo filme da Barbie, repleto de personagens transexuais, transgêneros e homossexualidade. O que aconteceu é que a Igreja foi tão intimidada, tão silenciada, que tememos nos levantar e proclamar: ‘Assim diz o Senhor'”.
Após a viralização do vídeo do sermão, veículos voltados para a comunidade LGBT, como o Daily Dot, criticaram Christmas e outros “cristãos preconceituosos” por atacarem o filme antes mesmo de seu lançamento. Eles também ridicularizaram uma série de boicotes de varejistas, incluindo a Target e outras lojas.
Um artigo no Pride.com chamou o vídeo do sermão de “perturbador” e classificou o sermão como “absurdo”, já que os personagens do filme são “brinquedos desprovidos de genitais”.
A abordagem do filme em relação ao público LGBT tem sido evidente: Gerwig afirmou em uma entrevista que espera que o filme seja uma forma de “abrir as portas para o universo da Barbie”. Ela também destacou a importância de representar a diversidade presente nas diferentes Barbies e Kens que a Mattel criou atualmente. O cantor Sam Smith, que se identifica como não-binário e causou polêmica em fevereiro com sua performance inspirada em satanás no Grammy, faz parte da trilha sonora de “Barbie” com uma música intitulada “Man I Am”, juntamente com outros artistas como Nicki Minaj, Billie Eilish e Lizzo.
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