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A morte de uma criança yanomami e os ferimentos de cinco indígenas durante um ataque a tiros em uma aldeia na região de Parima, em Roraima, trouxeram à tona a dramática situação enfrentada pelas comunidades indígenas. O Ministério dos Povos Indígenas (MPI) enviou equipes para auxiliar no atendimento às vítimas e afirmou que está trabalhando para retirar os garimpeiros das terras indígenas.
No entanto, a morte da criança é apenas um reflexo de um problema maior. De acordo com o Centro de Operações de Emergência (COE) Yanomami, do Ministério da Saúde, somente em 2023 já foram registrados 129 óbitos de indígenas na região, sendo 56 crianças menores de quatro anos. As principais causas dessas mortes são doenças infecciosas, como pneumonia, malária e tuberculose, além da desnutrição, que resultou em 16 mortes.
Esses números alarmantes mostram que a situação de desassistência sanitária nas aldeias yanomamis continua grave e não tem apresentado melhoras significativas ao longo dos anos. Mesmo com a declaração de emergência em saúde pública na Terra Indígena Yanomami pelo governo federal, a falta de acesso do poder público às aldeias, o garimpo ilegal, a presença de facções criminosas na região e os hábitos culturais dos yanomamis contribuem para essa situação.
A Terra Yanomami é extensa e de difícil acesso, o que dificulta a distribuição de medicamentos e alimentos. Além disso, os yanomamis têm o costume de se deslocar com frequência, o que torna ainda mais desafiador o acompanhamento e atendimento por parte do governo. A desnutrição também é um problema cultural, pois as crianças são as últimas na ordem de distribuição de alimentos, o que as coloca em situação de vulnerabilidade.
O garimpo ilegal na região traz prejuízos para a saúde dos indígenas, devido à contaminação dos rios pelo mercúrio utilizado nas atividades de extração de ouro. Além disso, as facções criminosas aliciam os próprios indígenas para trabalharem no garimpo e utilizam a região como rota para o tráfico de drogas e armas.
Embora o governo esteja realizando esforços para aumentar a distribuição de alimentos, medicamentos e atendimento médico, há críticas por parte dos indígenas, que apontam a concentração desses serviços em uma área específica da região, deixando outras regiões em situação semelhante à anterior. A morosidade do governo em combater o crime organizado também é questionada.
É importante ressaltar que a situação enfrentada pelos yanomamis não pode ser atribuída exclusivamente a um governo específico, mas sim a um problema crônico que persiste há muitos anos. Ações coordenadas e uma intervenção federal séria são necessárias para combater as diversas causas dessa situação e garantir a assistência adequada às comunidades indígenas.
*Imagem meramente ilustrativa: Pixabay