
O Ministério Público Federal (MPF) no Acre anunciou a abertura de um procedimento para investigar as declarações do pastor André Valadão durante um culto transmitido pelas redes sociais da Igreja Batista da Lagoinha. O procurador Lucas Costa Almeida Dias, responsável pela Procuradoria dos Direitos do Cidadão (PRDC), decidiu abrir a investigação após tomar conhecimento de matérias jornalísticas que divulgaram o vídeo com as falas do pastor.
Segundo o MPF, o objetivo da investigação é apurar a possível prática de homofobia nas declarações de Valadão, em que ele comenta sobre “valores cristãos” e condena o casamento homoafetivo. O culto em questão ocorreu no campus da igreja em Orlando, nos Estados Unidos.
O trecho específico da pregação que está sendo questionado pelo MPF envolve uma referência ao dilúvio descrito no livro de Gênesis, em que Valadão afirma: “Essa porta [casamento homoafetivo] foi aberta quando nós tratamos como normal aquilo que a bíblia já condena. Então, agora é hora de tomar as cordas de volta, dizendo não, não, não. Pode parar, reseta. E Deus fala: Não posso mais. Já meti esse arco-íris aí. Se eu pudesse, eu matava todo mundo a começava tudo de novo. Mas, prometi para mim mesmo que não posso, então, está com vocês. Vamos para cima. Eu e minha casa serviremos ao Senhor”.
Após a apuração dos fatos, o MPF tomará as medidas cabíveis de acordo com os resultados obtidos.
Em resposta às críticas, o pastor André Valadão publicou um vídeo em suas redes sociais, afirmando que estava pregando a palavra de Deus em sua igreja. Ele esclareceu que suas declarações estão no contexto bíblico do livro de Gênesis e que a referência ao termo “resetar” diz respeito a levar a humanidade de volta a Deus, não incitar violência.
Valadão afirmou: “Quando eu digo nós resetarmos, eu não digo nós matarmos. Eu não digo nós aniquilarmos pessoas. O que eu digo é que cabe a nós levar o homem, o ser humano ao princípio que é a vontade de Deus. Cabe a nós, cristãos genuínos, erguermos nossa voz e deixarmos claro aquilo que é a vontade de Deus”.
O pastor também negou veementemente que tenha incentivado a morte de pessoas LGBTQIAPN+ e enfatizou que sua mensagem é sobre voltar à essência e ao princípio, não sobre violência ou discriminação.
Envolvido em polêmicas, Valadão declarou que há um “sistema mundial tentando acuar a verdade da fé que um cristão genuíno carrega” e ressaltou que sua intenção é transmitir a mensagem de recomeço, reinício e viver em conformidade com as leis de Deus.
O líder da Igreja Batista da Lagoinha reafirmou que sua mensagem não se trata de matar pessoas, mas sim da liberdade de viver de acordo com a fé. O pastor encerrou suas declarações reiterando a importância de levar a mensagem de recomeço e ressaltando sua oposição à censura.
O MPF seguirá com a investigação, avaliando as informações e tomando as medidas adequadas conforme necessário.
*Imagem: Reprodução Twitter