Cientistas da Universidade de Hiroshima, em Hiroshima, no Japão, projetaram com sucesso um ovo de galinha que poderá ser potencialmente seguro para consumo por indivíduos com alergia à clara de ovo. As alergias aos ovos de galinha estão entre as mais prevalentes em crianças. Enquanto a maioria tende a superar essa alergia até os 16 anos, algumas continuam a ser alérgicas a ovos até a idade adulta. Os sintomas das alergias à clara de ovo variam de vômitos e cólicas estomacais a dificuldades respiratórias, urticária e inchaço. Essa alergia também pode impedir que alguns indivíduos tomem certas vacinas contra a gripe.
Aproveitando a tecnologia de edição do genoma, os cientistas conseguiram criar um ovo desprovido da proteína responsável por desencadear alergias à clara de ovo. Essa proteína, conhecida como ovomucoide, representa cerca de 11% de toda a proteína encontrada na clara de ovo.
A pesquisa detalhando o perfil de segurança alimentar desse ovo modificado, chamado de OVM-knockout, foi detalhada em um artigo publicado na Food and Chemical Toxicology em abril de 2023.
Para desenvolver os ovos nocaute OVM, os pesquisadores precisavam detectar e eliminar a proteína ovomucoide nas claras de ovo. Os TALENs foram projetados para atingir um pedaço de RNA chamado exon 1, que codifica proteínas específicas. Os ovos produzidos a partir dessa técnica foram então testados para garantir que não houvesse proteína ovomucoide, proteína ovovucóide mutante ou outros efeitos fora do alvo.
TALENs são enzimas de restrição que reconhecem sequências específicas de DNA e as quebram ou cortam.
Os ovos tinham a mutação frameshift desejada, que é uma mutação criada pela inserção ou exclusão de bases nucleotídicas em um gene, e nenhum deles expressava proteínas ovovocóides maduras. Anticorpos anti-ovomucoide e anti-mutante ovomucoide foram usados para detectar quaisquer vestígios da proteína, mas não houve evidência de ovovmucoide nos ovos. Isso significa que os ovovumucóides mutantes não poderiam criar novos alérgenos. Este é um passo importante na determinação do perfil de segurança dos ovos.
Outras ferramentas de edição genética, como CRISPR, tendem a ter efeitos de mutagênese fora do alvo. Isso significa que novas mutações são provocadas pelo processo de edição genética. No entanto, o sequenciamento do genoma completo das claras de ovo alteradas mostrou que as mutações, que possivelmente eram efeitos fora do alvo, não estavam localizadas nas regiões codificadoras da proteína.
Olhando para o futuro, os pesquisadores continuarão a verificar o perfil de segurança dos ovos nocaute OVM. Como algumas pessoas são altamente alérgicas a essa proteína específica, mesmo pequenas quantidades de ovomucoide podem causar uma reação. Os pesquisadores precisarão realizar estudos imunológicos e clínicos adicionais para determinar a segurança dos ovos nocaute OVM. Neste momento, os pesquisadores determinaram que os ovos nocaute OVM são menos alergênicos do que os ovos padrão e podem ser usados com segurança em alimentos processados pelo calor que pacientes com alergia a ovos podem comer.
*Imagem meramente ilustrativa: Pixabay