7 de abril de 2025

Quem não se lembra do tempo de criança, quando bastava pensar nas férias para que cadernos e livros dessem lugar à bola, ao carrinho de rolimã, às bonecas de cabelos longos ?

O coração se agitava ao sonhar com a viagem à casa dos parentes distantes, e nosso ser se enchia de entusiasmo pela ida à escola, na certeza de que logo estaríamos brincando o dia todo.

Pensar que no final de semana iríamos dormir mais também era muito bom. Imaginar que o presente tão esperado chegaria no Natal e que o passeio com os amigos se aproximava, eram situações que nos faziam viver a alegria antecipada, aguardando uma felicidade que com certeza logo chegaria, ou melhor, já estava chegando.

Fazíamos planos com cenas incríveis brincando ao lado dos primos, subíamos na cama para ensaiar os mergulhos no rio e já sentíamos o sabor dos sanduíches de ovos e da gelatina vermelha que tremulava em cima da mesa na casa dos nossos avós.

Havia expectativa sim, mas com a alegria de que esse dia chegaria logo. Expectativa e não a ansiedade que contorce o estômago, que amedronta e cansa os músculos. Havia esperança e a felicidade era possível já.

Hoje, com as dificuldades da vida e o estresse que geram, muitos de nós desaprendemos a esperar feliz pelo futuro. A espera hoje é luta e desconforto, é dúvida por acharmos que a felicidade está longe, num futuro distante.

A faculdade, o emprego, a casa própria, o casamento muitas vezes são sonhos que desejamos, mas que muitas vezes pensamos não conseguir alcançar. As mensalidades do curso, encontrar um parceiro, achar um bom emprego viram incertezas e assim o futuro vai traçando um caminho longo e penoso de percorrer.

De sonho em sonho, a impossibilidade vai dando lugar ao medo, à insatisfação, ao desmerecimento, e a vida vai passando com a lentidão de quem não sabe quando e onde vai chegar essa tal felicidade.

Pensar que felicidade tem a ver com conquistas futuras é comum, mas não é normal. Normal é encontrarmos prazer enquanto caminhamos e realizamos nossos projetos.

A felicidade está no processo, o prazer está na busca enquanto aguardamos acontecer. Ser feliz só em imaginar o sonho realizado é ser feliz agora.

Como disse Antoine de Saint-Exupéry, no livro O Pequeno Príncipe: “Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz.”

Pra que adiar esse sentimento tão confortante que a felicidade traz, se já podemos senti-la dentro de nós? A decisão de ser feliz agora depende de nós.

 

 

*Imagem meramente ilustrativa: Pixabay