Os jogadores Paulo Sérgio (foto) e Matheuzinho, ambos do clube Al-Merrikh, denunciaram a demora do Itamaraty em resgatar os brasileiros que estavam em Cartum, capital do Sudão, onde no dia 15 de abril começou um conflito entre as forças do governo e um movimento paramilitar. No domingo (23), os jogadores deixaram a região em um ônibus para outra cidade, mas só nesta segunda-feira (24) chegaram ao Egito, segundo informou o Itamaraty. Além deles, mais sete jogadores do mesmo clube e uma servidora do Itamaraty conseguiram sair da zona de conflito após dias de tensão.
Os atletas brasileiros relataram momentos de angústia devido à insegurança do local, situação que tem mobilizado governos de diversas nações a retirar diplomatas e cidadãos do país. Eles reclamam da demora do governo brasileiro.
“Todos organizados e já fechados com outras embaixadas e a gente, estamos com quem??? Só dizem que estão tentando resolver, porém não encontram mais ônibus e nem van para nos tirar daqui’, escreveu Paulo Sérgio em uma rede social dias antes de deixar Cartum graças a ajuda do seu próprio clube.
O atleta classificou como “absurda” a falta de logística do Itamaraty para retirar os brasileiros do local e afirmou que os atletas tentam resolver a situação por conta própria. “Itamaraty, Lula, cadê vocês, p*? Todo mundo metendo o pé desse lugar e vocês demorando para agir. Vocês não têm moral com ninguém! Estamos virados, tentando resolver os problemas por conta própria, absurdo!”, disse o jogador.
Momentos depois, o jogador compartilhou que “conseguiram um ônibus” e que iriam para outra cidade, onde passaram a noite até seguir, hoje (24), para o Egito. No entanto, na viagem eles passaram por momentos de tensão com a explosão de bombas no local. “Agora começaram as bombas intensamente! Éramos para tá longe daqui há muito tempo. Desorganizados, medrosos, omissos, mentirosos!”, escreveu de forma desesperadora.
O grupo saiu da capital sudanesa em direção ao Egito em um ônibus fornecido pelo clube de futebol e percorreu cerca de mil quilômetros até a fronteira. O Itamaraty afirma que estava em contato com eles e todos receberão assistência a partir de agora na cidade egípcia de Assuã, onde servidores da embaixada brasileira no Cairo se encontram. Eles serão alojados e em breve repatriados.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), até sexta-feira (21), o conflito já havia deixado ao menos 413 mortos e ferido outras 3,5 mil pessoas.
Um dos jogadores da comitiva, Paulo Sérgio Luiz de Souza, criticou o Itamaraty nesta segunda-feira em entrevista à TV Globo. Desde o dia 16, quando os conflitos se iniciaram, ele tentava sair da capital sudanesa. “Não tivemos, em nenhum momento, a ajuda do Itamaraty”, declarou.
Imagem: Reprodução / Instagram @paulosergio_9