7 de abril de 2025

Dois dias após o presidente Lula dizer que “pessoas com deficiência mental têm problemas de desequilíbrio de parafuso”, o apresentador Marcos Mion manifestou sua indignação através das redes sociais.

Pai de Romeo, de 17 anos, diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA), Marcos Mion afirma que o discurso de Lula reforça preconceitos e estigmas e se sustenta em capacitismo.

Marcos Mion afirma que “a comunidade autista segue sem 1 minuto de tranquilidade” e revela que ficou “chocado” com a fala do presidente. “O termo usado, já há muitos anos, é ‘deficiência intelectual’, e não ‘deficiência mental’, como o Lula usou. A gente tem que se policiar, tem que aprender e tem que se adequar. Lula se refere a essas pessoas dizendo que ela têm problemas de desequílibrio de parafuso. Isso é só pejorativo e também incentiva outras pessoas a continuarem usando esse termo”, disse.

“A gente está aqui lutando pela aceitação, conscientização e normatização de todas as condições, noite e dia, e aí imagina uma pessoa sem informação, olhando para o seu filho com deficiência intelectual e perdendo as esperanças… Se o presidente diz que ele tem parafuso desequilibrado, para que eu vou continuar lutando?”.

No vídeo publicado na última sexta-feira (21), o apresentador do “Caldeirão do Mion” pede aos seguidores que espalhem sua mensagem em seus stories e ajudem a conscientizar.

Romeo Mion dá nome à Lei aprovada em 2020 pelo Senado e sancionada pelo então presidente, Jair Bolsonaro, que garante direitos a pessoas portadoras de autismo. A Lei criou a Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Ciptea), documento emitido de forma gratuita, sob responsabilidade de estados e municípios.

Desculpas

Foi em um discurso na última terça-feira (18), que o chefe do Executivo disse que pessoas com transtornos mentais têm “problema de desequilíbrio de parafuso”. A fala ocorreu durante encontro com os chefes dos Três Poderes, além de governadores e prefeitos, para tratar de ações de prevenção à violência nas escolas.

Logo após a repercussão negativa, Lula se desculpou.

“Gostaria de pedir desculpas sobre uma fala que fiz, durante reunião sobre violência nas escolas. Conversei e ouvi muitas pessoas nos últimos dias e não tenho vergonha de assumir que sigo aprendendo e buscando evoluir. É por isso que quero me retratar. Não devemos relacionar qualquer tipo de violência a pessoas com deficiência ou pessoas que tenham questões de saúde mental. Não vamos mais reproduzir esse estereótipo. Tanto eu quanto nosso governo estamos abertos ao diálogo”, escreveu Lula no Twitter.

 

Foto: Reprodução / Twitter Marcos Mion