
Neste 19 de abril, o Brasil comemora o Dia dos Povos Indígenas. A data foi criada durante o Estado Novo em 1943, com o nome de Dia do Índio. A alteração ocorreu em 2022, através de uma lei criada pela então deputada federal, e hoje presidente da Funai, Joenia Wapichana. Segundo ela, a mudança tem o objetivo de explicitar a diversidade das culturas dos povos originários.
Resultados preliminares do Censo Demográfico 2022, recém-divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontam que há hoje no Brasil 1.652.876 de indígenas, número aproximadamente 84% maior do que o contabilizado no levantamento de 2010, quando eles somavam 896,9 mil pessoas (817,9 mil declaradas). Há 13 anos, os indígenas estavam divididos em 305 etnias e comunicavam-se em 274 línguas diferentes, dados ainda não atualizados e anunciados pelo atual censo.
Luta pela terra
O uso da terra é, sem dúvida, a questão mais conflituosa entre indígenas e não-indígenas. Apesar de a Carta Magna assegurar em seu artigo 67 que a União concluiria a demarcação das terras indígenas no prazo de cinco anos a partir da promulgação da Constituição (1988), isso não ocorreu. E o descumprimento legal assevera as disputas nos campos e nas florestas.
A homologação de terras indígenas esteve estagnada nos últimos quatro anos, diante do que especialistas nomearam de “antipolítica indigenista”. Treze processos demarcatórios estão agora em fase de conclusão para serem efetivados pelo governo federal nos próximos meses em áreas das regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sul.
Mesmo em áreas já homologadas, o desrespeito à posse indígena é algo corriqueiro. Na maior terra indígena do Brasil, a dos ianomâmis — que congrega cerca de 31 mil indígenas em aproximadamente dez milhões de hectares — a forte presença do garimpo, unida à ausência do Estado, provocou uma situação de miséria, desnutrição, doenças e abusos a que foram submetidos homens, mulheres, jovens e crianças. A gravidade do quadro ganhou holofotes, com repercussão mundial.
A crise humanitária exacerbada pela invasão e exploração ilegal da terra ianomâmi levou o Senado a instalar, em fevereiro deste ano, comissão externa temporária criada para acompanhar a situação dos ianomamis e a saída dos garimpeiros de suas terras. O colegiado terá 120 dias para concluir seu trabalho.
Abril Indígena
O Abril Indígena é um movimento nacional de valorização, luta e visibilidade dos povos originários.
De 26 a 30 de abril, o Núcleo Socioambiental Sesc Teresópolis realizará a segunda edição do evento, com a participação de indígenas dos povos Puri, Guajajara e Wapichana, uma programação plural com muita diversidade. A iniciativa conta com o apoio da Prefeitura Municipal de Teresópolis e do Parnaso, e acontecerá nos seguintes locais: Parque Natural Municipal Montanhas de Teresópolis (26/4), Sesc Teresópolis (27 e 28/4) e Parque Nacional da Serra dos Órgãos (29 e 30/4).
Cantos, danças, pinturas, roda de prosa, histórias, exposição, sonoridades, palestras, línguas, cinema e literatura farão parte da programação.
Grátis | Classificação livre
Agendamentos e informações: helena.oliveira@sescrio.org.br
Viva a floresta em pé! O Brasil é terra indígena!
Programação:
26/4 | Parque Natural Municipal Montanhas de Teresópolis
A partir das 9h – Encontro dos Povos Indígenas – cantos, danças, pinturas corporais, línguas nativas, poesia, memórias, sementes e histórias indígenas – Com indígenas dos povos Puri, Guajajara e Wapichana;
9h e 14h – Ponto de Leituras Indígenas.
27/4 | Sesc Teresópolis
12h às 18h – Exposição Tucum Abril Indígena;
14h – Sonoridades Puri – Com Dauá Puri;
14h30 – Palestra “A Presença Ontem, Hoje e Sempre dos Povos Originários em Teresópolis” Com o Professor Marcelo Lemos;
16h – Marcação do Tempo Puri – Com Náma Pury;
16h30 – Roda de Prosa “Que História é Essa? Arte e Educação Indígenas” – Com indígenas dos povos Puri, Guajajara e Wapichana. Mediação: Maracajaro Puri.
28/4 | Sesc Teresópolis
9h às 17h – Exposição Tucum Abril Indígena;
9h e 14h – Fio de Contas: Entre Memórias e Sementes;
Cantos, Danças, Pinturas Corporais e Línguas Nativas;
Sons do Bambu;
Poesia em Movimento;
Grafismos Indígenas/Painel Ancestral;
Tramas Puri;
Ponto de Leituras Indígenas.
29 e 30/4 | Parque Nacional da Serra dos Órgãos – Teresópolis
10h às 17h – Exposição Tucum Abril Indígena;
10h e 14h – Fio de Contas: Entre Memórias e Sementes;
Cantos, Danças, Pinturas Corporais e Línguas Nativas;
Poesia em Movimento;
Tramas Puri;
Ponto de Leituras Indígenas.
*Com informações da Agência Senado e Sesc RJ
(Imagem meramente ilustrativa: Pixabay)