17 de dezembro de 2024

Você pode ter ouvido falar de dependência de açúcar ou dependência de álcool, mas uma pessoa viciada em papel higiênico é difícil de encontrar. Kesha, uma moradora de Chicago, é viciada em comer papel higiênico e diz ingerir cerca de 75 folhas de papel por dia. Sua mãe diz que o vício é “como crack”.

Embora você possa pensar que o hábito é apenas algo estranho que a mulher faz, na verdade é uma condição clínica. Kesha, que foi destaque no programa ‘My Strange Addiction’, do canal norte-americano TLC, tem uma condição chamada Xilofagia. Trata-se de uma síndrome em que o indivíduo tem um transtorno alimentar que envolve o consumo de coisas inusitadas.

A mulher, de 34 anos, não é a única a comer papel higiênico, mas tem feito o hábito de fazer isso todos os dias nos últimos 23 anos. No programa, ela explicou que sua condição não é irracional, mas sim decorre do trauma que ela experimentou no passado.

Kesha compartilhou que sofreu muito na sexta série depois que deixou sua mãe e foi morar com sua avó e tia. “Eu acho que eu anseio por isso porque eu amo a maneira como o papel higiênico se dissolve na minha língua”, explicou seu vício.

Ela também revelou que tem problemas no banheiro se consumir muito papel higiênico e até sofre de cólicas estomacais às vezes. Por causa da condição de Kesha, sua mãe se preocupa muito com ela. Ela disse: “Toda vez que eu via Kesha, ela tinha lenço de papel na mão e tentava escondê-lo pelas costas. Se você tentasse tirá-lo dela, ela ficaria chateada. Eu nunca fui capaz de entender por que ela come papel, e eu nunca vou.”

Xilofagia

O nome pode parecer estranho, mas a Xilofagia é também conhecida como Síndrome de Pica – ou ainda como alotriofagia ou alotriogeusia.

O transtorno de conduta alimentícia provoca o apetite por substâncias que não têm valor nutricional, desde gelo, terra, giz, carvão e papel até pedra, palito de dente, esmalte, sabão, cola ou tinta.

Segundo especialistas em psiquiatria, para ser considerado um caso de xilofagia, os sintomas devem persistir por mais de um mês, em uma idade em que essa ingestão seja considerada mentalmente inapropriada – em crianças com menos de 2 anos, o comportamento é tido como normal ao desenvolvimento.

A síndrome é uma condição multifatorial, que geralmente ocorre em pessoas com outros transtornos mentais que efetivamente interferem no desempenho, como autismo, incapacidade intelectual e esquizofrenia.

Ela pode ter diversas causas: deficiências nutricionais – principalmente ferro e zinco – e presença de transtornos mentais, muitas vezes com consequências psicóticas.

O diagnóstico é comum durante a gravidez, podendo estar associado à deficiência de ferro no organismo.

O consumo de substâncias que não têm valor nutricional pode causar uma série de problemas de saúde, que varia de acordo com a substância ingerida. Além disso, a condição pode facilmente levar a outras complicações, como intoxicação, infecção e prejuízos no desenvolvimento físico e mental do indivíduo.

Tratamento

O tratamento depende da causa do transtorno e pode incluir mudanças na dieta, suplementação de nutrientes – em casos de deficiência – e orientação psicológica e terapêutica, para desenvolver habilidades e estratégias para lidar com as questões relacionadas.

O uso de antidepressivos (inibidores seletivos da recaptação da serotonina) pode surtir bons efeitos, assim como a aplicação de técnicas comportamentais.

Animais

A síndrome – que tem sido relatada desde o século V antes de Cristo (a.C.), quando Aristóteles e Hipócrates a descreveram pela primeira vez – também acomete animais.

Os cães e gatos são os que mais manifestam o transtorno, principalmente por ingerirem pelos, cadarços, tecidos, plantas etc. Entre eles, o quadro está associado, especialmente, ao déficit alimentar.

 

*Foto: Pixabay